Sunday, October 25, 2015

Em busca do espaço/tempo ganho no Brasil - Parte 4


Em busca do espaço/tempo ganho no Brasil

Texto de Jorge Vital de Brito Moreira
Parte 4
Escrevi (no texto da semana passada, na parte 3), que tinha regressado a  Salvador para reencontrar, o meu irmão mais moço, Carlos Roberto (Carlinhos), para logo, juntos, empreendermos uma segunda viagem que seria realizada por ferry-boat e por automóvel.  
O objetivo da viagem era atravessar a ilha de Itaparica e incluiria, no primeiro dia,  o porto de Bom Despacho (lugar de chegada e saída dos Ferry-Boats) e uma visita demorada a cidade de Mar Grande, lugar de nascimento da nossa mãe, um espaço onde teríamos de encontrar e conversar com muitos parentes e contraparentes do lado materno. Depois fizemos uma curta e rápida visita a localidade do Jaburú.


Quanto a cidade de Mar Grande (o local meus avós maternos e meus tios viviam e lugar preferido para nossa família veranear), mudou completamente durante os anos que tenho vivido nos EUA,. Felizmente, escrevi (há 8 anos)  um livro de memorias intitulado Memorial da Ilha e Outras Ficções para  monumentalizar as minhas experiências no Mar Grande daquele tempo. Acredito que foi uma afortunada decisão ter escrito um romance sobre aquele maravilhoso lugar para registrar aspectos importantes da minha história (pessoal e coletiva), da minha infância, e  da minha adolescência, e, em geral da historia da ilha nesta época, entre os anos 50-60.
Atualmente, o Mar Grande que acabamos de visitar, me pareceu um lugar estranho, ruidoso e pouco interessante. A cidade cresceu e a sua população aumentou. Mas a cidade cresceu pra baixo, como um rabo de cavalo, perdendo a especial qualidade que a projetava como uma área tranquila; e um espaço privilegiado para se viver e veranear. Hoje, Mar Grande parece um mundo desordenado e caótico, habitado, principalmente, por uma população formada por gente pobre, sem recursos, sem educação, sem trabalho permanente, e sem futuro promissor. E para piorar, as melhores casas e construções de antigamente foram transformadas em lugares comerciais, cheios de restaurantes, bares, bebados e casas de negócios.
A viagem de automóvel Chevrolet do meu irmão Carlinhos, também incluiu, no primeiro dia,  hospedagem e dormida na cidade de Itaparica. No dia seguinte fizemos uma visita prolongada a esta belíssima cidade histórica, onde minha família teve uma casa de veraneio onde nós passávamos o verão, quando a nossa família não estava veraneando na nossa casa  do Mar Grande.
Da nossa grata visita a cidade de Itaparica poderia mencionar alguns lugares e momentos muito agradáveis: a Pousada Muito Mais onde nos hospedamos, a padaria, perto da Pousada, onde tomamos o nosso café da manhã, o passeio pelas ruas de pedras da cidade, as vistas panorâmicas desde o longo quebra mar da Avenida Vinte Cinco de Outubro, as praças publicas, a Praça Getúlio Vargas, o forte São Lourenço e sua praia, a casa do finado escritor João Ubaldo Ribeiro, as igrejas antigas (como a Igreja da Matriz), as mansões coloniais, o Hotel Itaparica e muitas outras maravilhas.
 Saindo de Itaparica, Carlinhos e eu, fomos de carro para os lugarejos de Ponta de Areia, de Amoreira, de Porto do Santo, para logo voltar ao porto de Bom Despacho. Neste porto, almoçamos num restaurante de comida a quilo (uma das coisas mais gostosas que se inventou nas cidades brasileiras), para depois tomarmos a rodovia que nos conduziu a vila de Caixa Prego (atualmente este lugar que me deixou muito a desejar). Saindo de Caixa Prego, passamos pelas localidades de Berlinque, Tairu, Barra Grande, Conceição e Barra do Pote.
A visita a Barra do Pote foi excelente e muito proveitosa pois tomamos um gostoso banho de mar no final da tarde, para em seguida, jantarmos uma deliciosa moqueca de povo e lagosta num ótimo restaurante local. De noite, nos hospedamos e dormimos na Pousada Beira Mar, a melhor pousada  que tivemos a oportunidade de conhecer na Ilha de Itaparica.
No dia seguinte, fomos visitar as localidades da Barra do Gil e da Penha, além do Club Méditerranée, também conhecido como Club Med. A Penha e a sua praia continuam limpas e muito bem conservadas; ainda são muito agradáveis para visitar e banhar-se nelas, porém, o Club Méd, nos deixou decepcionados, pois a nossa visita se converteu numa atividade sem sentido, sem vida e sem graça. Em poucas palavras, o Club Med  estava completamente vazio, não tinha hospedes, não tinha turistas, nem tinha nada interessante para ver.  No fim da tarde de este mesmo dia regressemos de Ferry boat a cidade de Salvador.
A viagem à Ilha de Itaparica teve altos e baixos, com aspectos positivos e negativos. Um dos aspectos positivos da viagem, foi o conhecimento que meu irmão Carlinhos possuía sobre o povo, as costumes e os hábitos da pessoal que vive na ilha. Carlinhos, é um tipo alto, claro, de olhos azuis e cabelos louros. Atlético e desportivo, Carlinhos, apesar da idade, continua jogando futebol, pois além de ser um jogador importante pelas qualidades técnicas, ele também é um sujeito apaixonado, como participante e como observador, pelo jogo de futebol. No geral, meu irmão é uma pessoa bem educada, amável e bondosa no relacionamento com diferentes tipos de indivíduos, mas é especialmente generoso com as mulheres que o procuram (sobretudo com as moreninhas). Aliás, ele sempre foi uma pessoa muito generosa (talvez até  demasiado generosa, para um contexto de um capitalismo selvagem ainda mais  miserável, desalmado e cruel que o dos países europeus e estadunidense). 


Quando regressei da Ilha e cheguei a Salvador, fiquei mais uma vez hospedado no apartamento da minha irmã Lucia (Licia),. Neste apartamento,   ela, o marido Carlos, os meus dois sobrinhos, Marcelo e Murilo, e os seus dois netos Mikael e Luan, me proporcionaram (desde que cheguei dos EUA) uma vida agradável e bem divertida. Sempre aproveitava as instalações do moderno e bonito edifício onde minha irmã reside para usufruir tanto da piscina como do equipado ginásio para fazer exercícios físicos..
Os meus familiares (o irmão Josafá, a prima Marizete), os amigos, e os contraparentes que nos visitavam frequentemente, também contribuíram para manter a minha estadia, numa vida movimentada e muito sociável. Aproveito este texto para enviar a todos (principalmente a Lícia e a sua família) os meus sinceros agradecimentos.


Também gostaria de registrar que  estive tanto na manifestação política como no comício contra o governo Dilma e do PT no Farol da Barra em Salvador. A manifestação me surpreendeu pela ausência do povo brasileiro nas ruas. Quando me encontrava no Farol da Barra para presenciar a divulgada “manifestação popular contra o governo”, os únicos representantes do chamado “povão trabalhador” que pude ver naquele comício, foram as vendedoras de Acarajé (as baianas), os conhecidos vendedores de cerveja, de refrigerantes, de caldo de cana, e os varredores de rua que trabalhavam para a prefeitura municipal da cidade. A maioria das pessoas presentes no comício que presenciava, pertenciam (avaliando pelo tipo de roupa fina com que desfilavam,  pela amostra da raça luxuosa dos cães de estimação que conduziam, pelos discursos frívolos e medíocres que emitiam, pelas marcas dos telefones celulares, dos iPhones e dos iPods que exibiam), pertenciam  à denominada classe média alta de Salvador. Essas pessoas usavam caras roupas esportivas de cor amarela e verde, e cobriam-se com a bandeira da seleção brasileira, dando a impressão de que estavam prontas para entrar num estádio de futebol e ver o time do Brasil jogar naquela hora. Algumas dessas pessoas, com quem  eu tive a oportunidade de conversar durante a manifestação, viviam em edifícios luxuosos dos bairros grafinos (do Farol da Barra, da Pituba, ou do Caminho das Arvores) da elite baiana, que eram protegidos por guardas de segurança. Intelectual e politicamente, me pareceram pessoas ingênuas, mal informadas ou ignorantes; apenas se revelavam como o que realmente eram: indivíduos pretenciosos, arrogantes e medíocres. Aliás a mediocridade foi a marca registrada da maioria das pessoas de classe media alta que tive oportunidade de conversar em Salvador: era o que acontecia quase diariamente enquanto realizava os exercícios de malhação no ginásio (gim) do edifício onde me hospedava. No geral, essas pessoas me pareciam bem ignorantes: estavam muito mal informadas e colonizadas pela media corporativa nacional e internacional: a Globo TV, Fox news, CNN e muitas outras, que operam no Brasil  para transformar nossa população numa massa de imbecis consumistas, fetichistas, e alienados; dominados pela ideologia do sistema capitalista neoliberal que impera por todo o Brasil.
Em resumo, a impressão que esta viagem pelas cidades do sertão baiano-pernambucano me deixou foi que a realidade brasileira, desde o ponto de vista estrutural, não conseguiu superar a situação de injustiça sócio econômico que foram expressadas pela representação alegórica de Glauber Rocha dentro de duas obras primas do cinema brasileiro: “Deus e o Diabo na Terra do Sol” e “Terra em Transe”.
Quase a mesma coisa poderia dizer em relação a minha percepção do aumento e da proliferação das favelas, da marginalidade social, do trafico de drogas e da criminalidade na cidade de Salvador; a impressão que tudo isso me deixou foi que a realidade brasileira desde o ponto de vista da justiça sócio econômico ainda não pode superar a representação realista de Fernando Meirelles da cidade do Rio de Janeiro, no excelente filme “Cidade de Deus”
            E foi na cidade do Rio de Janeiro onde pude encontrar pela primeira vez o amigo João (Jonga) Carlos Olivieri e sua bonita e querida esposa Virginia.
Quando o avião, procedente de Miami, aterrissou no aeroporto Antônio Carlos Jobim, lá estava o amigo Jonga esperando-me. Ainda que Jonga e eu tivéssemos estado nos comunicando frequentemente através de e-mails e telefonemas EUA-Brasil durante muitos anos, era a primeira vez que nos encontrávamos pessoalmente.
Nesse nosso primeiro encontro, Jonga estava sem a esposa Virginia, e enquanto esperávamos pelo avião que me levaria a cidade de Salvador, Jonga e eu (caminhando ou sentados nas lanchonetes e restaurantes do aeroporto) conversávamos bebendo cafés, chocolates, ou almoçando pra valer.
Quando voltei ao Rio para passar dois dias visitando a cidade, aterrizei no aeroporto Tom Jobim e lá estavam o amigo Jonga e a esposa Virginia  esperando-me. Durante os dois dias que passei no Rio, Jonga e Virginia me receberam com uma grande amizade, com uma solidaria companhia e com uma cálida e tranquila hospedagem
Não posso deixar de expressar meus agradecimentos pela bela hospedagem e companhia que sua amizade me brindou. Durante o pouco tempo que permaneci no Rio., eles me levaram para passear pelas ruas da cidade. Na tarde da minha chegada, me levaram de ônibus e metrô para passear.  Depois de passar pela bela lagoa Rodrigo de Freiras, fomos ao bairro de Copacabana  para caminhar pela rua Nossa Senhora de Copacabana, rever e apreciar a sua famosa praia do mesmo nome, desfrutar a magnifica orla marítima da Avenida Atlântica e contemplar os famosos edifícios e as espetaculares vistas como o panorâmicas (o Corcovado, o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar) da “cidade maravilhosa”. O Rio de Janeiro continua lindo. 


No dia seguinte, eles me levaram a passear pelo centro da cidade. Caminhamos pela Avenida Presidente Vargas, pela Cinelândia, pela Avenida Rio Branco, onde pude rever os prédios antigos e famosos tais como a Biblioteca Nacional, o Teatro Municipal, pude desfrutar de cafés, restaurantes e das boas livrarias da cidade.
As 5 da tarde, tomamos um taxi, para chegar ao Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim e abordar o avião da Américan Airlines que me devolveria ao aeroporto internacional de Miami. Sentado, junto aos amigos Jonga e Virginia, no banco do aeroporto, dei-me conta de que ainda tinha na minha carteira, 172 reais que eram equivalentes, naquele momento, a  mais de 40 dólares no cambio oficial.
Sem tempo suficiente para comprar umas lembrançinhas no aeroporto, fui ao Banco  Safra para converter aqueles reais em dólares. Resultado do intercambio naquele dia: o Banco Safra me entregou apenas  25 dólares em troca dos 172 reais. Em poucas palavras, fui roubado e saí do Brasil com a sensação de que nosso país está completamente submetido à ditadura do capital financeiro. Em poucas palavras, o nosso pais está submetido à máfia e a ladroagem oficial dos bancos nacionais e internacionais, produtos  de um sistema sócio econômico capitalista que legitima taxas aterrorizantes de juros  contra o povo brasileiro.
E dentro do avião estadunidense,  que deixava a baia de Guanabara, eu questionava indignado: até quando vamos tolerar que este abominável sistema capitalista continue destruindo o nosso Brasil?


Sunday, October 18, 2015

Novas pensatas: Em busca do espaço/tempo ganho no Brasil, Parte 3





 


 


Em busca do espaço/tempo ganho no Brasil

Texto de Jorge Vital de Brito Moreira 
Parte 3

A viagem pelo nordeste do Brasil, além de ilustrada e informativa, foi, durante a maior parte do tempo, extremamente divertida e muito engraçada;  graças ao talento natural do amigo Israel Pinheiro para saber contar piadas “nacionalistas” e à minha inclinação para replicá-las com piadas alegóricas, nunca fomos vítimas do conhecido “tédio de viagem”. De vez em quando parávamos o carro para comprar água natural, beber água de coco e cerveja gelada, e/ou para almoçar e jantar.
A carne de bode, de carneiro, o requeijão, o queijo de coalho, foram alimentos  que nunca faltaram na viagem. Tampouco faltaram pamonha, cuscuz, bolacha, pão e amendoim cozido, ao lado do mate gaúcho quente chupado pelo Israel no fundo do carro. A comida nordestina então foi outras das maravilhas da nossa viagem.
A viagem também foi muito interessante por contar com a presença do jovem Gabriel Pinheiro, um estudante de advocacia, cuja participação, como piloto, deveu-se a existência de uma greve na Escola de Direito. Gabriel, além de tomar fotos da viagem, transformou-se num ativo interlocutor para as conversas em torno aos temas jurídicos, políticos, sócioeconômicos, culturais e ecológicos; conversas que surgiram enquanto dirigíamos o automóvel.
Depois de chegar, visitar e dormir na cidade de Bomfim, na Bahia, fomos passear pelo antigo prédio do seminário católico onde, muitas décadas antes, o sociólogo Israel Pinheiro estudou para se converter num padre católico. Felizmente, para o bem do Israel, das três famílias, e dos quatro filhos que procriou, a profissão de vigário não frutificou.
 Seguindo na cidade de Bonfim, fomos visitar as antigas (mas conservadas e bonitas) instalações da estrada de ferro da cidade (comprovem vendo a fotografia que Novas Pensatas utilizou para ilustrar o primeiro texto que escrevi sobre esta viagem). Assim, era inevitável que aparecesse frequentemente nas nossas conversas, o tema da estúpida decisão do governo brasileiro de quase extinguir as estradas de ferro e o sistema de transporte ferroviário no Brasil. (comparando o crescimento do Brasil ao da China, deveríamos lembrar que atualmente as ferrovias e os trens de ferro dos chineses conformam um dos sistemas de transporte mais importantes e dinâmicos do mundo contemporâneo, sistema imprescindível para o extraordinário desenvolvimento sócio econômico da poderosa China).
Com tantos diálogos matinais, vespertinos e noturnos, era inevitável que Israel e eu nos lembrássemos do nosso tempo de estudantes universitários e daquelas imprescindíveis discussões da nossa historia nacional, da cultura brasileira e da sociedade contemporânea do país.
Apesar das mudanças ocorridas no Brasil nestes últimos 50 anos (entre o inicio da modernização capitalista conservadora implementada pela ditadura militar em 1964 e a recente crise da hegemonia do PT e seu projeto governista neoliberal), continuo acreditando que a discussão sobre o desenvolvimento e subdesenvolvimento do Brasil como país capitalista emergente (subordinado aos interesses do mercado internacional globalizado e imperialista), deveria ser uma discussão central para a maioria dos brasileiros. Esta discussão, para mim, é um dos requisitos teórico-metodológicos fundamentais para que os políticos, intelectuais, artistas, trabalhadores e estudantes possam entender o maldito papel do imperialismo no problemático destino do Brasil como retrógado exportador de matérias primas e alimentos em pleno século XXI. Em síntese, continuo acreditando (apesar da hegemonia da ideologia neoliberal propagandeada pela mídia corporativa nacional/internacional) que a luta pela integridade da nação brasileira contra os interesses expansionistas do imperialismo dos EUA e internacional, deveria continuar sendo uma das discursões hierarquicamente prioritárias para as novas gerações de brasileiros que ainda desejam ter um país livre e independente da intervenção estrangeira.
Desde meu ponto de vista, é lamentável e indigno que a mentalidade e a opinião da classe média brasileira esteja dominada pela ideologia colonialista dos programas de TV produzidos por canais da mídia corporativa e antidemocrática dos grandes conglomerados como a Globo, CNN, Fox, pelas  revistas Veja e Isto é e por jornais tais  como o Estado de São Paulo e a Folha de São Paulo em prol do modelo neoliberal do imperialismo estadunidense.
Outros dos grandes momentos da travessia em torno do rio São Francisco, foi a nossa decisão de continuar dirigindo o “Peugeot” pelas ótimas estradas do sertão pernambucano: a decisão de sair de Petrolina e fazer a viagem direta para Cabrobó, a cidade onde visitamos as obras de transposição do Rio São Francisco, um projeto empreendido pelo governo federal para o deslocamento de parte de suas águas através de mais de 700 quilómetros de canais de concreto ao longo do território de quatro estados brasileiros (Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte).
Em Cabrobó, tivemos a oportunidade de subir por um gigantesco canal de concreto e logo caminhar por meio quilometro ao longo de uma das suas extensas beiradas para poder observar (!que visão fantástica!), desde o alto da babilônica construção, a planície semi desértica, o rio São Francisco, e o poderosíssimo sistema de máquinas, que era o responsável pelo bombeamento do precioso liquido para o canal de concreto armado. O que nos surpreendeu foi não poder ter visto as máquinas bombeando o liquido, nem ter visto as águas correndo pelo canal de concreto. Assim, perguntamos a um jovem (que percorria numa moto as imensas paredes das beiradas do canal de cimento) se ele sabia a razão da falta de atividade do sistema e da falta de água no canal. Ele então nos explicou que  devido à falta de chuva na Serra da Canastra em Minas Gerais, tinha havido uma grande redução no volume das águas do rio São Francisco; por isso o sistema hidráulico não bombeava água todos os dias da semana, bombeava apenas, esporadicamente, dia sim, dia não.
A explicação dele era lógica e coerente com o que já havíamos presenciado e ouvido nas margens ribeirinhas do “Velho Chico”: tanto na barragem do Sobradinho como nas cidades por onde passamos (Juazeiro, Casa Nova, Remanso) a realidade era a mesma: o nível das águas estava muito baixo. [para os leitores terem uma imagem concreta, informo, que na cidade de Remanso, por exemplo, tivemos de dirigir por uns nove quilômetros (entre a margem anterior e a margem atual) para molhar os pés nas águas do rio]. Nesses momentos, eu lembrava da música (“O sertão vai virar mar e o mar virar sertão”) e das imagens do filme Deus e o Diabo na terra do Sol, a obra prima do genial cineasta baiano Glauber Rocha.
Logo de realizar o segundo dos nossos principais objetivos (conhecer a transposição do Rio São Francisco), partimos no carro para conhecer a cidade, a cachoeira e a usina hidroelétrica de Paulo Afonso. Depois de percorrer esta cidade de norte a sul, de leste a oeste, estivemos contemplando e tirando fotos da paisagem em torno dos milhões de metros cúbicos de água azul da gigantesca barragem. Nosso passeio foi coroado com um banho prolongado numa praia agradável construída pela CHESF numa das margens da represa. Vestidos em shorts de banho, Gabriel e eu, nadávamos e mergulhávamos nas águas barrentas do rio, enquanto Israel, sentado numa barraca de lona, bebia água de coco, tomava cerveja e comia amendoim cozido. À tarde, seguimos para a cidade de Araci, mas, antes de chegar lá, tivemos de fazer uma parada no Jorro (a cidade de águas quentes) porque o Israel queria participar do ritual daquela região: tomar banho quente roçando a pele na pele de inúmeros (dezenas, centenas) banhistas de dentro e fora do local. 
Depois de dormir em Araci (terra onde sou sempre muito bem recebido pelo familiares de Israel) tomei, no feriado do dia 7 de setembro, um ônibus coletivo, para visitar a cidade de Feira de Santana e me encontrar com o grande amigo Nilo Henrique Neves dos Reis (professor de filosofia da UEFS) junto a Sumaya de Oliveira, uma bela e inteligente mulher, que o amigo, sortudo, me apresentou como sendo sua esposa. Sumaya, além de ser uma apaixonada promotora pública na região é também uma educadíssima anfitriã soteropolitana.
Agora também devo mencionar que, além da amizade e das excelentes qualidades humanas e executivas (inteligência, generosidade, liderança) que Nilo sempre revelou, ele também foi o principal responsável pela edição, publicação, e lançamento do meu livro “Memorial da Ilha e Outras Ficções” na cidade de Feira de Santana, a princesa do sertão baiano.
No final da tarde, tomei o ônibus de 5:30 na rodoviária de Feira esperando chegar a cidade de Salvador entre 6:00 e 7:00 da noite. A dura realidade (do transito entre as duas cidades) é que só pude chegar na residência da minha irmã Lúcia, no bairro da Pituba, em Salvador, às 11:00 horas da noite: uma realidade comparável ao filme Weekend, um filme de ficção do genial cineasta francês, Jean Luc-Godard.
Em Salvador, pude então reencontrar, o meu irmão mais moço, Carlos Roberto (Carlinhos) para empreender uma segunda viagem. Desta vez, a viagem seria realizada por ferry-boat e por automóvel através da Ilha de Itaparica, o espaço-tempo onde a nossa mãe nasceu e onde a nossa família passava as férias durante o verão baiano.

(Continua na próxima semana)









Monday, March 23, 2015

Novas pensatas: USA: Um país de Pinóquios e Pinochets

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USA: Um país de Pinóquios e Pinochets


 O texto a seguir é do Professor Jorge Vital de Brito Moreira, especialmente escrito para Novas Pensatas.

Vivemos num país de Pinóquios e Pinochets. Aqui nos EUA, a mentira é (como na oração católica O Pai Nosso) “o pão nosso de cada dia”, “assim na terra” (da mídia coorporativa), “como no céu” (de Washington, D.C. o centro governamental do país).
Para refrescar a memória dos leitores sobre as histórias de Pinóquio e Pinochet, lembro: Pinóquio é um personagem de uma história infantil. Cada vez que ele contava mentiras seu nariz de madeira crescia desmesuradamente. Pinóquio, de acordo à historia, era um boneco de madeira, um cara de pau, como os representantes da mídia e do governo dos EUA. As aventuras de Pinóquio é o título do livro infantil escrito pelo italiano Carlo Collodi que se tornou mundialmente famoso através do filme Pinocchio, realizado por Walt Disney Productions, uma das mais famosas e mentirosas indústrias de entretenimento do mundo ocidental.
Quanto à Pinochet, não podemos esquecer que ele foi um general chileno que, em 11 de Setembro de 1973, deu um golpe militar contra Salvador Allende, o presidente eleito democraticamente pelo povo do Chile. Com o golpe militar, o general Augusto Pinochet estabeleceu, entre os anos de 1973 e 1990, uma das ditaduras mais sanguinárias e corruptas da história da América do Sul. A ditadura de Pinochet foi responsável pela tortura, desaparecimento e assassinato de centenas de milhares de estudantes, professores, profissionais liberais, artistas, trabalhadores, e  camponeses chilenos (1) Atualmente, Pinochet é considerado como um dos maiores  terroristas (de Estado) da América Latina, além de ser identificado como um dos mais submissos títeres latino americanos a serviço do governo imperial dos EUA.
            O estímulo que me levou a escrever este texto, baseado nas histórias de Pinóquio e Pinochet, foi dado pela notícia que encheu faz algumas semanas os espaços dos jornais, das revistas, dos programas de noticias de TVs dos EUA, da Europa, do Brasil e da América Latina.
Resumo aqui a notícia sensação: a NBC (National Broadcasting Company), a maior e mais antiga rede de televisão e rádio dos Estados Unidos, puniu ao famoso apresentador Brian Williams por mentir para o seu publico. Assim, o famoso apresentador, editor gerente do programa de noticias NBC Nightly News foi punido por contar uma história falsa sobre um incidente que aconteceu na Guerra do Iraque, em 2003. De acordo a noticia, Brian contou que estava a bordo de um helicóptero americano que tinha sido derrubado por granadas lançadas por foguetes inimigos. Alguns soldados americanos, que participaram do acontecimento, desmentiram publicamente a afirmação de Williams, dizendo que ele estava longe do helicóptero atacado. Brian Williams pediu desculpas publicamente, mas NBC suspendeu Brian por seis meses sem remuneração devido as suas falsas declarações.
As noticias que seguiram a suspensão de Brian Williams, também nos informava que milhões de telespectadores estadunidenses (que tem sido fãs de Brian Williams e crentes fies do seu programa NBC Nightly News), ficaram chocadas com a revelação e com a punição do apresentador.
Eu, que não sou fã de nenhum apresentador da mídia corporativa dos EEUU (nem de nenhum programa de noticias desta mesma mídia), não fico chocado, nem surpreendido com a revelação; mas, confesso que fico surpreendido cada vez que constato o elevado nível de ignorância e/ou ingênua credibilidade por parte de milhões de telespectadores estadunidenses para continuar acreditando na decência e honradez da mídia corporativa estadunidense.
Por esta razão, estou sempre perguntando: como é possível que depois do gigantesco escândalo revelador das mentiras da mídia e do governo dos Estados Unidos [da administração do presidente George W. Bush e seu vice Dick Cheney (2)] para ganhar a aprovação da população estadunidense para a invasão e guerra contra a povo do Iraque; como é possível que (depois deste gigantesco fraude informativo) milhões de estadunidenses continuem acreditando nas mentiras da mídia (3) e do atual governo americano (4)?
A triste realidade é que milhões de pessoas, dentro e fora dos EUA,  não se dão conta de que os meios de informação/desinformação e o governo do presidente Barack Obama mentem e enganam diariamente a maioria das pessoas de dentro e de fora deste país. São mentiras sistemáticas sobre os acontecimentos relacionados às guerras dos EUA [com a colaboração dos governos de Israel e Arábia Saudita (5)] contra o povo do Iraque, do Afeganistão, do Paquistão, da Síria, do Iêmen, da Palestina, da Líbia. São as frequentes mentiras para ganhar a simpatia e consenso mundial em prol das guerras do imperialismo americano contra os povos do Terceiro Mundo.
 Durantes meses e meses, o governo e a mídia estadunidenses teem produzido uma montanha de mentiras oficiais contra os governos da Venezuela, da Bolívia, do Equador, da Argentina e de Cuba na América Latina e, na Europa, montanha de mentiras contra a Rússia governada pelo presidente Wladimir Putin.
 São mentiras sistemáticas das autoridades dos EUA e da mídia ocidental para favorecer a Petro Poroshenko (o ditador da Ucrânia) e a sua administração de corte nazista. Assim, a mídia e o governo daqui descrevem a atuação imperialista dos EUA, da submissa e cúmplice União Europeia, e da OTAN (a organização militar, guerreira e fascista a serviço do terrorismo de Estado ocidental) na região da Ucrânia como ajuda democrática e humanitária.
Assim, dado o poder do governo e da mídia dos EUA para fabricar consenso através da mentira, o que me tira o sono não é a punição de Brian Williams em si mesma; o que me provoca pesadelos é que indivíduos muito mais mentirosos e perigosos como George Bush, Dick Cheney, Donald Rumsfeld, Barack Obama, Henry Kissinger, Tony Blair, Benjamim Netanyahu (cujas mentiras tem conduzido a prisão, a tortura, aos crimes de guerra e ao genocídio contra milhões de seres humanos), estejam livres e impunes, gozando de liberdade sem qualquer tipo de castigo pelos crimes cometidos contra  a humanidade.
Lembremos, por exemplo, o caso do famigerado Henry Kissinger. Durante o governo do criminoso Richard Nixon (presidente dos EUA que foi forçado a renunciar devido ao processo de impeachment), Kissinger foi nomeado para o cargo de Secretário de Estado do país. Como Secretário de Estado, Kissinger esteve envolvido na guerra do Vietnã (guerra que assassinou mais de 20 milhões de vietnamitas). Kissinger também foi responsável pela intervenção da CIA nos golpes de Estado ocorrido na América Latina (Chile, Argentina, Brasil, Uruguai). Além disso, ele tem sido acusado por organizações internacionais como cumplice da tortura, do desaparecimento e do assassinato de centenas de milhares de cidadãos latino americanos durante as ditaduras militares do general Pinochet, no Chile e do general Jorge Videla, na Argentina; além de patrocinador de regimes ditatoriais (Chile, Brasil, Argentina, Uruguai) tem sido acusado pela colaboração com os planos de extermínio repressivos como a Operação Condor.
As provas da atuação criminosa de Kissinger como terrorista de Estado tem levado a inúmeras investigações, denuncias, acusações e processos diante de tribunais internacionais de justiça responsabilizando-lhe por crimes contra a humanidade. Estes processos judiciais tem lutado para lhe retirar o Prêmio Nobel da Paz que lhe foi concedido descaradamente e colocá-lo na prisão.
Assim, o que mais nos indigna na punição de Brian Williams, é que ela está sendo usada hipocritamente por jornalistas corruptos da mídia corporativa (e  pelas autoridades governamentais) para continuar propagando (através da narrativa visual e retoricamente fraudulenta) o mito de que vivemos num pais democrático, num país que vive dentro da legalidade internacional, num país livre de mentira, de corrupção e impunidade.
No entanto, os dados estatísticos mostram que nada está mais longe da verdade social, que as imagens e as palavras produzidas pela narrativa oficial do governo e da mídia corporativa estadunidense e ocidental (jornais brasileiros e canais de TV como a Globo de Roberto Marinho) são falsificações para continuar enganando a opinião pública mundial.
Mas os estadunidenses que teem se esforçado para obter informações que transcendam as mentiras da mídia corporativa e governo, também estão conscientes de que os EUA está repleto de repelentes figuras mafiosas, corruptas, ditatoriais, sanguinárias, genocidas que praticam o terrorismo no mesmo estilo do ditador Augusto Pinochet.  Estas figuras, vivas e falecidas, estão situadas em todos os níveis da hierarquia politica e militar dos EUA e incluem uma lista com nomes de presidentes, deputados e senadores, como, por exemplo, o do senador democrata de New Jersey Robert “Bob” Menendez, chair of the Senate Foreign Relations Committee (acusado de alta corrupção financeira e sexual) e o senador republicano John McCain, acusado pelo lobista Jack Abramoff de receber parte do dinheiro roubado aos cassinos dos indígenas dos EUA (6). Esta lista inclui também nomes hierarquicamente inferiores como, por exemplo, como os terroristas membros da CIA, Orlando Bosch Ávila (7) e Luis Posada Carriles (8); ou dos torturadores assassinos, Manuel Contreras e Jaime García Covarrubias chefes da DINA (a policia secreta da ditadura de Augusto Pinochet) e responsáveis pelo plano CONDOR, mas que são protegidos e beneficiados pelo governo estadunidense, como é o caso  de Covarrubias que é atualmente professor num centro de estudos do Pentágono.
Os dados estatísticos também nos informam que os EUA é um país que não respeita a lei, nem respeita os direitos humanos e políticos nacionais e internacionais; é a estatística que nos informa que EUA é o país que possui mais bases militares nos outros países; que os EUA é o pais que mais fabrica e vende armas de destruição massiva; que é o país que mais produz guerras de extermínio e invasões contra os países pobres; que é o pais que mais comete bombardeios, torturas e ataque terroristas (incluindo os ataques através de drones); o país que mais comete espionagem contra países aliados em todo mundo.
Já faz mais de 50 anos que Daniel Elsberg (escandalizado com a mentira dos poderosos Pinóquios, seus superiores anos 60), revelou em 1971 os documentos secretos do Pentágono (Pentagon Papers) para o jornal New York Times. Daniel  Elsberg, contra a submissão e covardia dos funcionários estatais, denunciou as mentiras do presidente Richard Nixon, do Secretario Robert MacNamara e de Henri Kissinger para continuar legitimando o genocídio  dos EUA contra o povo vietnamita na guerra do Vietnã.
Assim, desde a guerra do Vietnã, uma parte da sociedade estadunidense (composta por cidadãos que lutam contra os Pinóquios e Pinochets deste pais) se defendem incessantemente contra a mistificação, contra a manipulação e resistem para manter a consciência ética e humana da solidariedade e cooperação a favor dos povos oprimidos. Estes são os cidadãos, que teem lutado pelo direito a estar bem informado e contra as sistemáticas maquinações do governo e mídia corporativa para fabricar consenso junto à opinião publica mundial através da produção de aberrantes mentiras.  
É dentro da luta contra os Pinóquios e Pinochets que devemos entender as razões porque o jornalista Julian Assange vazou informações secretas para Wikileaks: eram informações que mostravam as sistemáticas violações do governo dos EUA à legalidade internacional: graças às revelações de Julian Assange, hoje estamos, pro exemplo, informados das ações criminosas do governo estadunidense contra os países aliados.
 É também dentro desta luta contra a destruição da consciência e ética humana pelo governo dos EUA, que devemos entender as razões porque o soldado estadunidense Bradley (Chelsea) Manning revelou os video-tapes que mostravam os soldados americanos disparando suas metralhadoras desde um helicóptero contra a população indefesa no Iraque.
            É também dentro da luta contra os Pinóquios e Pinochets que devemos aplaudir as razões do porque o especialista em espionagem estadunidense, Edward Snowden, revelou os crimes de espionagem dos serviços de inteligência estadunidense contra os governos dos países aliados  dos EUA.
            É dentro desta luta contra que devemos entender as razões porque John Kiriakou, o agente da CIA, denunciou os crimes e as torturas do governo de George W. Bush para a imprensa mundial.
Mas, o governo imperial dos EUA tem imposto uma bárbara e covarde perseguição policial contra a coragem, a valentia, e a elevadíssima consciência intelectual, moral e ética de Julian Assange, de Edward Snowden, de Bradley (Chelsea) Manning.
Para proteger sua integridade física, intelectual e moral, Julian Assange foi obrigado a auto exilar-se na embaixada do Equador em Inglaterra enquanto Edward Snowden foi forçado a auto exilar-se na Rússia.
Bradley (Chelsea) Manning não pode se livrar da injusta punição. Ele está aprisionado na base militar de Quântico (no estado de Virgínia) sob condições de detenção que foram consideradas desumanas e ilegais, e vistas como tortura pela Anistia Internacional. Tão pouco John Kiriakou: ele não teve a oportunidade de escapar ou de auto exilar-se: cumpriu detenção nas prisões dos EUA por denunciar o programa de tortura do governo de George Bush.
Para finalizar, gostaria de informar aos leitores que a mais recente agressão imperialista dos EUA contra a América Latina esta sendo realizada pelo governo de Barack Obama. Obama tem usado os serviços dos Pinóquios e dos Pinochets para ajudar a desestabilizar a Venezuela e, mais uma vez, tratar de dar um golpe militar contra o governo do presidente Nicolas Maduro: um presidente eleito democraticamente pela vontade autônoma e soberana do povo da Venezuela.
Depois do falecimento (do assassinato na opinião de muitos observadores) do presidente Hugo Chavez, as corporações multinacionais, com a ajuda dos acostumados Pinóquios e Pinochets, continuam tratando de
fomentar um golpe militar para implantar uma ditadura que lhes permitam saquear o petróleo do povo venezuelano. Isso é o que podemos observar  com a recente captura dos chefes golpistas, Antonio Ledezma (prefeito da cidade de Caracas), Diego Arria (ex-embaixador da Venezuela na ONU) e o deputado Julio Borges pelo governo de Nicolas Maduro.
Recentemente (18 de março de 2015), Jennifer Rene, também conhecida como "Jen" Psaki (a porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos e ex porta-voz do Presidente dos Estados Unidos Barack Obama), tratou de atacar o presidente Nicolas Maduro mentindo descaradamente na entrevista para um grupo de jornalistas da imprensa dos EUA. Buscando responder a uma pergunta de uma jornalista (sobre a denuncia do presidente Nicolas Maduro do golpe de estado patrocinado pelo governo do presidente Barack Obama contra o povo da Venezuela), a porta voz Jean Psaki, cínica e descaradamente, respondeu: “Já é uma pratica política de longa data que os Estados Unidos da América (E.U.A) não apoia as transições políticas por meio inconstitucionais. Transições políticas devem ser democráticas, constitucionais, pacíficas e legais." (9)
Ouvindo tão escandalosa mentira da porta voz do governo estadunidense, o jornalista Matt Lee se indignou e replicou ironicamente: “Desculpe... Os E.U.A. têm uma prática de longa data de não promover -o que foi que você disse? Que história é essa de longa data? Isso não é verdade: especialmente no caso da América do Sul e da América Latina, isso não é nenhuma prática de longa data.” E a porta voz, desmascarada, sem poder responder, ficou gaguejando em frente dos jornalistas na sala de imprensa  do Departamento de Estado. (10)
Assim, com ou sem fábula, a verdade aparece unívoca: Vivemos num país de Pinóquio e Pinochets que procura dominar o mundo através das mentiras, dos golpes militares e ditaduras militares.
Enquanto o povo e o governo da Venezuela e de outros países da América Latina, como o Brasil, a Argentina. a Bolívia, o Equador estejam unidos contra o imperialismo americano, continuarão capacitados pra lutar e se defender contra os golpes de estado planejado pelos EUA, pois, muitos ainda sabemos que um povo e um governo realmente unido jamais será vencido.

Notas:
1) Conforme o relatório oficial da Comissão Valech de 2011, o total de vítimas oficiais entre executados, desaparecidos e torturados durante os 17 anos que durou a ditadura de Pinochet (1973-1990) subiu para 40.280. E no entanto, de entre os grupos de vítimas da ditadura se estima que a cifra supera 100.000 pessoas. Uma das mais contundentes denúncias do golpe militar (e  ditadura do terrorista general Pinochet) no Chile, pode ser vista nas imagens do filme Missing do diretor grego Costa Gavras baseado na historia real do desaparecimento (e assassinato) do jornalista estadunidense, o filme conta com os atores Jack Lemmon e Sissy Spacek como protagonistas.

2) Recentemente, Dick Cheney lançou seu In My Time: A Personal and Political Memoir repleto de auto justificativas mentirosas para legitimar sua decisão ilegal e genocida de declarar a guerra contra o povo do Iraque e para defender o seu programa de torturas em seres humanos indefesos. Mas o livro de Dick Cheney é mais um livro de memoria ficcional tão utilizado pelos responsáveis da invasão e da guerra contra o Iraque para reescrever, em beneficio próprio, a história da guerra. Este é o caso, por exemplo, dos seguintes livros: A Journey, do ex-primer ministro Tony Blair; Decision Points, de George W. Bush; Know and Unknow: A Memoir, do ex-secretário de defesa, Donald Rumsfeld; At the Center of the Storm: My Years at the CIA, do ex-diretor da CIA, George Tenet

3) Antes, durante e depois da administração de George W. Bush, os mais insidiosos Pinóquios a serviço da propaganda mentirosa do governo e da mídia corporativa estadunidenses eram Robert Novak, Judith Miller, Bill O’Reilly e Sean Hannity. Este era um período em que Fox News Channel, FNC (um dos mais desonestos programas de noticias dos EUA) se auto proclamava como o canal de TV que informava de maneira “fair” (justa) and “balanced” (equilibrada).

4) Uma das mais significativas denuncias das mentiras sistemáticas da administração de George Bush, Dick Cheney e seus conselheiros também  pode ser lida no livro Fair Game: My Life as a Spy, My Betrayal by the White House de Valerie Plame Wilson. O famoso filme Fair Play (2010) do diretor Doug Liman está baseado neste livro, na historia da traição de Bush, Cheney e CIA a agente Valerie Plame e a seu esposo, o ex-senador Joseph C. Wilson. O filme Fair Play tem Sean Penn e Naomi Watts como protagonistas.

5) Provas muito escandalosas da relação de cumplicidade terrorista entre governo dos EUA e o governo  da Arábia Saudita pode ser mostrada através da entrevista do professor Aslan Reza, especialista em história das religiões (principalmente da cristã e da mulçumana) nos EUA. Aqui está a pergunta da revista ÉPOCA ao professor Aslan Reza: - A Arábia Saudita é responsável pela ascensão do radicalismo e do terrorismo islâmico? 
Aqui a resposta do professor Aslan Reza: - Sem dúvida. O wahabismo, essa vertente ultra ortodoxa, puritana e pseudo reformista do islamismo sunita, começou na Arábia Saudita, na metade do século XVIII, fundada pelo clérigo Mohamed Ibn Abdul Wahab. É uma religião que prega a volta ao culto monoteísta puro do islã e que chama todos os outros religiosos, islâmicos ou não, de apóstatas. Os sauditas gastaram US$ 100 bilhões nos últimos anos para espalhar essa vertente do islamismo pelo resto do mundo, construindo escolas e mesquitas wahabistas. Não há um canto do mundo em que haja muçulmanos que não tenham sido inundados por dinheiro saudita e por propaganda religiosa saudita. Eles criaram um vírus que se espalhou por todo o mundo muçulmano. Quando você tem um vírus, você precisa erradicar a fonte. Bem, o mundo sabe qual a fonte desse vírus. São os melhores amigos dos Estados Unidos. É absurdo que um país que patrocinou a ascensão de uma ideologia responsável pela morte de centenas de milhares de pessoas não seja responsabilizado por ela. Ao contrário, continua sendo prestigiado. Quando o rei Abdullah, monarca da Arábia Saudita, morreu na semana passada, o presidente Barack Obama, o secretário de Estado John Kerry e uma dúzia de integrantes do alto escalão do governo americano foram à Arábia Saudita para homenageá-lo. Sem levar em consideração que Abdullah comanda um país que decapita 80 pessoas por ano, condena a 1.000 chibatadas quem manifesta suas opiniões, impede as mulheres de dirigir e de votar e patrocina o terrorismo global.  Isso não é estranho? Se a Arábia Saudita não fosse o maior produtor de petróleo do mundo, seria tratada como a Coreia do Norte, com asco, rejeição e sanções internacionais.

(6) O filme Casino Jack (2010) estrelado pelo ator Kevin Spacey mostra a relação de corrupção entre o lobista Jack Abramoff, o congressista Tom Delay, o senador John McCain e o roubo perpertrado aos cassinos indigenas por eles. O livro do jornalista Gary Chafetz (Boston, U.S.A.) The Perfect Villain: John McCain and the Demonization of Lobbyist Jack Abramoff também denuncia a relação  entre o senador John MCain e Jack Abramoff.

7) Orlando Bosch Ávila é um agente terrorista  da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) que foi chefe da Coordenação das Organizações Revolucionárias Unidas (CORU uma organização terrorista anti-Castro. Bosch Ávila fazia parte da Operação Condor, operação que coordernava as atividades repressivas das ditaduras militares do Cone Sul durante a década de 1970. Além do atentado terrorista (06 de outubro de 1976) de voo 455 da Cubana de Aviação, que matou todas as 73 pessoas a bordo. Foi alegado que o planejamento deste ataque terrorista foi feito na reunião realizada em Washington DC, no mesmo ano, 1976. No planejamento participou Bosch, o terrorista Luis Posada Carriles e Michael Townley, o ex-agente dos EUA e da DINA chilena, durante o regime militar de Augusto Pinochet. O planejamento e o assassinato (na capital dos EUA) do general chileno Orlando Letelier (ex-ministro do deposto presidente Salvador Allende Gossens que foi assassinado pelos militares do general Pinochet).

8) Luis Posada Carriles foi acusado de terrorista pelos governos de Cuba e Venezuela pois foi um dos responsáveis de planejar e executar o atentado terrorista (06 de outubro de 1976) de voo 455 da Cubana de Aviação, que matou todas as 73 pessoas a bordo. Posada Carrilles foi o organizador de uma série de atentados contra hotéis em Havana-Cuba em 1997. Ele foi membro do Exército dos Estados Unidos e fez carreira policial na Venezuela antes do governo de Hugo Chaves. Posada Carrilles está acusado de ter ordenado a tortura e assassinado vários seres humanos detidos por razões políticas. Ele também foi um membro da chamada Operação 40, orquestrada pela CIA dos EUA, que planejou e executou  a invasão da Baía dos Porcos, em 1961. Felizmente abortada pela  resistência e guerra  revolucionária do povo cubano.

9) Jen Psaki:“As a matter of long-standing policy, the United States does not support political transitions by nonconstitutional means. Political transitions must be democratic, constitutional, peaceful and legal”.
Matt Lee: “Sorry. The U.S. has—whoa, whoa, whoa—the U.S. has a long-standing practice of not promoting—what did you say? How long-standing is that? I would—in particular in South and Latin America, that is not a long-standing practice.” O leitor pode seguir o desmascaramento das declarações mentirosas de Jen Psaki e do governo dos EUA neste website:
https://www.youtube.com/watch?v=frO1T3vZNrA